De repente voltamos àquele lugar que há tempo não visitávamos. O que nos faz perceber o tempo e lembrar da juventude que tínhamos da última vez. Um local não é inerte, uma casa, uma rua pode nos dar a sensação de estar ali como no tempo de infância. Viramos uma esquina e encontramos uma criança que cresceu e você nem percebeu, agora está maior do que você.
Quando você encontra uma pessoa querida do passado e hoje ela está casada e tem filhos você se lembra da declaração que deixou de ser feita por timidez ou por outros motivos. Você pode estar sozinho assistindo uma palestra, uma peça de teatro, um concerto musical e sem esperar ter um grande amor que chega sozinha e senta ao seu lado para compartilhar aquele momento como nos bons tempos. Um amigo que você encontra depois de uma década e se lembra dos momentos de cantoria e felicidade conjunta.
Ontem, dia 19 de maio, foi marcado por encontros no dia da luta antimanicomial de Campinas. Encontro de quem tem laços verdadeiros de afeto. Palco para a emoção de reencontrar amigos de trabalho. Reviver o carinho do usuário que encontra depois de anos o profissional que foi importante na sua jornada e vice-versa. O outono é a estação mais reflexiva, os pensamentos são intensos como os fortes ventos.
A vida passa muito rápido, especialmente para quem tem problemas sérios de saúde mental. Passa-se muito tempo cuidando da saúde, buscando-se a melhora. E quando nos damos conta... já se passaram anos. O ser humano já nasce gestante da morte. Como lidar com a morte? Como lidar com a vida?
Do ponto de vista psicótico o tempo passa de outra forma, preso dentro de um labirinto de espaço e tempo. Um labirinto cheio de cômodos traumáticos que ao passar por cada porta temos pendurado na parede quadros de cenas vívidas. Coisas simples acontecem e te remetem a lembranças e sentimentos que são significativos. O círculo de amizades é mais restrito e a relação com cada profissional que passa pelo tratamento é muito significativa.
Dizem que quando a saudade bate na porta, o amor sai pela janela. Ou seria a fome? A fome de vida.
Equipe Tudo Acontece
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