quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Blog do Tear entrevista Raquel Félix Dornelas

No dia de hoje temos o prazer de entrevistar nossa amiga Raquel Félix Dornelas. Ela é a mais nova integrante do "Harmonia dos Sabores" que é o grupo de geração de renda e economia solidária do CECCO Tear das Artes . Ela vai contar um pouco sobre sua trajetória como cantora e sobre sua participação no Tear, além de alguns momentos difíceis da sua história profissional antes de chegar no grupo.

Raquel por ela mesma:
 Gostaria que as pessoas lessem e que minha experiência servisse para elas!


Raquel no palco do Tear das Artes: eu gosto de me apresentar como cantora!

Equipe: Que ritmo você gosta de cantar?
Raquel: Qualquer ritmo, gosto de vários tipos de música. Eu era cantora da Igreja que eu frequentava, cantava sozinha na frente. Desde criança quando tinha 9 anos e meus pais ainda eram vivos.  Ou seja, tenho 20 anos de carreira. Atualmente, eu ouço muito as músicas da Paula Fernandes e as pessoas dizem que a voz dela é parecida com a minha.  

Equipe: O que você sente quando canta?
Raquel: Eu me sinto mais alegre e aliviada. O povo diz, eu não se é verdade ou mentira, que eu canto bem e que minha voz é bonita. Dizem também que é pra eu continuar cantando. Eu já cantei em um circo que foi montado próximo da minha casa. Eu nem sabia, mas a dona do circo era espírita e nesse dia eu cantei música gospel.  Já cantei em três casamentos e dois noivados.  Também cantei na escola Veneranda numa homenagem do dia das mães e numa formatura.  Fui convidada para participar de um programa de rádio gospel e fui muito legal.  Eu só não cantei em cadeia e hospital (risos). Agora estamos ensaiando para apresentar no sarau do bosquinho que acontece no DIC I.  Eu nunca cobrei pelas minhas apresentações, porém uma vez fui cantar numa Igreja e na saída o pastor me pagou um cachê que eu não esperava.

Dia da entrevista no Blog do Tear:
Rodrigo, Izabela, Raquel, Larissa, Beatriz e Bruno
Equipe: Como você começou a frequentar o Tear das Artes?
Raquel: Foi através da Camila, psicóloga do Centro de Saúde Vista Alegre, que comecei a estudar na turma da FUMEC. Depois comecei a cantar e dançar no pagode da terça-feira e fazer outras coisas aqui. Eu gosto muito daqui, as pessoas me tratam muito bem e com muito respeito.

Equipe:  O que você tem achado do seu novo trabalho no Harmonia dos Sabores do Tear das Artes?
Raquel: Tenho aprendido muitas coisas novas. É o meu segundo dia de trabalho e já aprendi a fazer pão de queijo e estou começando a fazer o pastel. Estou sentindo que vai ser bem melhor do que meu trabalho anterior.

Primeiro dia de trabalho: Regina e Raquel na cozinha do Tear das Artes

Raquel: Meu antigo trabalho era como os meu amigos diziam "trabalho escravo". Mas o tempo de escravidão já passou.  Eu entregava panfletos para uma oficina mecânica na Vila Industrial que já foi denunciado no jornal. Todos o dias a gente almoçava pão com mortadela e Coca-Cola.  Tinha que aguentar brincadeiras sem graça. Eles também me enganavam na hora de pagar pelo dia de trabalho. Inclusive, quando eu entregava folheto no semáforo, alguns motoristas recusavam o papel e ainda xingavam dizendo que essa oficina tinha safados e ladrões. Mas eu dizia que não tinha nada com isso, estava apenas entregando os folhetos.  No dia em que fui despedida,  fui mandada para trabalhar em outro ponto e não me levaram almoço.  Nesse dia, os vendedores ambulantes de água e celulares fizeram uma "vaquinha" e pagaram um almoço para mim.  Quando as pessoas da oficina chegaram para me buscar, os rapazes que trabalham no sinal brigaram com eles, dizendo que eram pessoas irresponsáveis.  Meu chefe me culpou pela confusão e me mandou embora.


Equipe: Quais seus sonhos?
Raquel: Tenho um sonho desde que era criança de gravar um CD, porque para mim cantora de verdade é quem tem músicas gravadas.  Também gostaria de cantar em hospital e cadeia. Porque na cadeia tem muitas pessoas tristes e distantes de suas famílias.  Eu sei muito bem como é isso, porque desde que meus pais morreram eu não tenho mais família. Perdi meu pai e minha mãe com 14 anos de idade.  Hoje tenho 29 anos e moro sozinha. Tenho meus irmãos, mas não moram comigo. No hospital pode ser que eu consiga cantar ainda.  Mas na cadeia eu sei que é mais difícil.


Equipe Tudo Acontece


Um comentário:

  1. Parabéns, a Equipe Tudo Acontece, pela entrevista de hoje.
    Raquel, Parabéns pela escolha do novo trabalho! Seja bem vinda, novamente, no Cecco Tear das Artes/Andorinhas e especificamente no Projeto Geração de Renda - Harmonia dos Sabores.
    Valdete - Coor. Tear das Artes/Andorinhas e

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