Carlos Drummond de Andrade (1902–1987) foi poeta brasileiro. "No meio
do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho". Este é um
trecho de uma das poesias de Drummond, que marcou o 2º Tempo do Modernismo no
Brasil. Foi um dos maiores poetas brasileiros do século XX.
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) nasceu em Itabira de Mato Dentro,
interior de Minas Gerais. Filho de Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta
Drummond de Andrade, proprietários rurais decadentes. Estudou no colégio
interno em Belo Horizonte, em 1916. Doente, regressa para Itabira, onde passa a
ter aulas particulares. Em 1918, vai estudar em Nova Friburgo, Rio de Janeiro,
também no colégio interno.
Em 1930 publica o volume "Alguma Poesia", abrindo o livro com o
"Poema de Sete Faces", que se tornaria um dos seus poemas mais
conhecidos: "Mundo mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo seria uma
rima, não seria uma solução". Faz parte do livro também, o polêmico
"No Meio do Caminho", "Cidadezinha Qualquer" e
Quadrilha". Em 1934 muda-se para o Rio de Janeiro, vai trabalhar com o
Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema. Em 1940 publica
"Sentimento do Mundo" influenciado pela Segunda Guerra Mundial. Em
1942 publica seu primeiro livro de prosa, "Confissões de Minas".
Entre os anos de 1945 e 1962, foi funcionário do Serviço Histórico e Artístico
Nacional.
Em 1946, foi premiado pela Sociedade Felipe de Oliveira, pelo conjunto da
obra. O modernismo exerceu grande influência em Carlos Drummond de Andrade. O
seu estilo poético era permeado por traços de ironia, observações do cotidiano,
de pessimismo diante da vida, e de humor. Drummond fazia verdadeiros
"retratos existenciais", e os transformava em poemas com incrível
maestria.
A poesia de Carlos Drummond de Andrade era facilmente entendida e captada
pelo grande público, o que o tornou poeta popular, o que não quer dizer que
seus poemas fossem superficiais. A Rosa do Povo é um poema muito conhecido e
comentado. A rosa nesse poema funciona como metáfora do entendimento universal,
dos valores da democracia e da liberdade, valores típicos da modernidade no
século 20. Carlos Drummond de Andrade foi também tradutor de autores como
Balzac, Federico Garcia Lorca e Molière.
Em 1950, viaja para a Argentina, para o nascimento de seu primeiro neto,
filho de Julieta, sua única filha. Nesse mesmo ano estréia como ficcionista. Em
1962 se aposenta do serviço público mas sua produção poética não para. Os anos
60 e 70 são produtivos. Escreve também crônicas para jornais do Rio de Janeiro.
Em 1967, para comemorar os 40 anos do poema "No Meio do Caminho"
Drummond reuniu extenso material publicado sobre ele, no volume "Uma Pedra
no Meio do Caminho - Biografia de Um Poema". Em 1987 escreve seu último
poema "Elegia de Um Tucano Morto".
Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de
1987, doze dias depois do falecimento de sua filha, a escritora Maria Julieta
Drummond de Andrade
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra
Drummond
Elegia A Um Tucano Morto
O sacrifício da asa corta o vôo
no verdor da floresta. Citadino
serás e mutilado,
caricatura de tucano
para a curiosidade de crianças
e indiferença de adultos.
Sofrerás a agressão de aves vulgares
e morto quedarás
no chão de formigas e de trapos.
Eu te celebro em vão
como à festa colorida mas truncada,
projeto da natureza interrompido
ao azar de peripécias e viagens
do Amazonas ao asfalto
da feira de animais.
Eu te registro, simplesmente,
no caderno de frustrações deste mundo
pois para isto vieste:
para a inutilidade de nascer.
Drummond
Equipe do Blog do Tear das Artes