Deitar-se cedo, alimentar-se bem, acordar na hora certa são expressões que lembram os conselhos das nossas mães e avós. Pesquisas já confirmam, porém, o respeito ao ritmo do corpo é fundamental para manter a saúde.
A novidade agora é um estudo publicado no periódico British Journal of Psychiatry, segundo o qual revelou ligações entre mudanças no ritmo circadiano (período de 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico) e a esquizofrenia. A mesma mutação genética presente em pessoas com a doença foi observada em ratos com alterações nos ciclos do organismo.
Além dos sintomas clássicos, como sensações de irritabilidade, diminuição de interesses pessoais e alterações no pensamento, na percepção e nos afetos, a queixa de dificuldade para dormir é recorrente em pacientes com a patologia. Outras complicações de saúde associadas a mudanças abruptas no sono são particularmente comuns, como problemas cardiovasculares, diabetes, obesidade e colesterol alto. Intrigado com isso, o neurocientista Russell Foster, da Universidade de Oxford, coordenou um estudo para investigar as relações entre padrões genéticos de portadores da doença e os ciclos circadianos.
O pesquisador e sua equipe submeteram ratos com anomalias no gene SNAP25 (associado à esquizofrenia em humanos) a uma programação de 12 horas de luz, seguidas de 12 de escuridão e observaram mudanças no ritmo do organismo e na produção de várias proteínas que comunicam áreas cerebrais com o restante do corpo. Mesmo no período propício para o descanso, os camundongos continuaram ativos, indicando que seus ciclos circadianos estavam alterados.
O principal condutor desse “compasso” é o tecido cerebral chamado núcleo supraquiasmático – NSQ (formado por um grupo de neurônios do hipotálamo medial), que recolhe informações sobre a luz através dos olhos e as retransmite aos outros orgãos.
Embora não tenha provado que essas alterações causem a esquizofrenia, Foster acredita que a desregulação circadiana possa precipitar a desestabilização dos sistemas neurotransmissores devido a uma profunda mudança na atividade do organismo, na qual o relógio central do cérebro atua fora dos eixos em relação aos periféricos.
A descoberta abre novas perspectivas para desenvolvimento de agentes terapêuticos destinados a regular o NSQ e propiciar melhora na qualidade de vida e longevidade a pacientes com esquizofrênia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário