Dia 18 de maio é o dia conhecido em todo o Brasil por ser o dia da Luta Antimanicomial. Este dia marca a luta da sociedade brasileira pela transformação do modelo de cuidado em saúde mental.
Hoje em dia muita coisa mudou e o movimento social da Luta Antimanicomial, um dos responsáveis diretos pela mudança do tratamento em saúde mental no Brasil, existe até hoje.
Abaixo publicamos na Integra a Carta Aberta do Movimento da Luta Antimanicomial de Campinas (MLAC) e a programação do Mês da Luta Antimanicomial para te ajudar a comprender melhor.
Você conhece o Movimento da Luta Antimanicomial?
Nós começamos nossa luta nos anos 80 para transformar a forma como as pessoas com transtornos mentais eram tratadas. Naquela época, as pessoas eram internadas porque ficavam deprimidas, por perder o trabalho ou por perder alguém que amavam, por se relacionarem com pessoas do mesmo gênero, por problemas devido ao uso de álcool e outras drogas, por crises de ansiedade, pânico ou vontade de morrer por causa dos problemas da vida. Muitas pessoas foram internadas somente por serem pobres, pretas e viverem em situação de rua. Infelizmente essas internações não serviam para melhorar a saúde das pessoas, e pelo contrário, a grande maioria das pessoas adoeciam ainda mais devido ao isolamento social e violências sofridas.
No Brasil, mais de 50 mil pessoas internadas nunca mais voltaram a viver em liberdade e morreram trancafiadas, algumas foram internadas ainda na adolescência. As internações se davam com camisa de força, com “tratamento” de eletrochoque e viviam dopadas de remédio sem condições de conversar com outras pessoas ou de viverem dignamente. Por muitos anos toda sociedade desconhecia o que acontecia dentro dos muros dos manicômios e para isso o Movimento da Luta Antimanicomial surgiu: formado por usuários, familiares e trabalhadores dos serviços de Saúde Mental, denunciamos há 30 anos as violências cometidas contra pessoas que deveriam estar em tratamento, recebendo cuidado e não maus-tratos.
Desde o começo dos anos 90 os manicômios vêm sendo substituídos por serviços de saúde mental que funcionam dentro das cidades, nos bairros, através de um cuidado inserido na comunidade e em liberdade. Porém, atualmente as Comunidades Terapêuticas e Clínicas Psiquiátricas, financiadas com dinheiro público e por entidades religiosas, continuam internando pessoas à força em locais onde diversas violências são cometidas, assim como nos manicômios.
Em Campinas, o MLAC (Movimento da Luta Antimanicomial de Campinas) sempre combateu este tipo de política porque Trancar não é Tratar e direitos e bem-estar social não se conquistam impedindo as pessoas de circular pelas cidades em que vivem. Só existe sociedade democrática com cuidado em liberdade.
Precisamos de mais investimentos nos serviços públicos de Saúde Mental do SUS para pessoas com transtorno mental e uso problemático de álcool e outras drogas. Precisamos de oportunidades de trabalho, de moradia, de lazer, cultura e esporte. Retirar as pessoas de circulação não resolve as imensas desigualdades sociais, que são parte fundamental do adoecimento das pessoas, inclusive de crianças e adolescentes.
Quer saber mais? Venha participar das reuniões do Movimento da Luta Antimanicomial de Campinas!
Próxima Reunião: 03/06/2023 das 9 as 11 hs, Local: CEI - Rua Dr Quirino 1856 (Próximo ao SENAC)
Segue abaixo a programação do Mês da Luta Antimanicomial organizada pelo MLAC em Campinas caso você queira participar:
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