Compasso
Se o azul custar a chegar
Se o pão faltar sobre as mesas
Se o país vier a sofrer mais
O que pensará o que tudo vê ?
Se o amanhecer for questão de negócio
Se as mercadorias tomarem vida própria
O que pensará o que tudo vê ?
Estará conosco em nossas batalhas?
Ardendo está o coração da terra
e o pai das luzes a chorar distante...
Estará conosco o apreço e o reverdecer?
Se o amanhecer custar a chegar
e a prece infinda não for mais
uma obrigação.
Estaremos lá em compasso de espera.
Na ânsia de libertar-se
As cores darão seus brilhos
mas tão mísero é o presente
Se o azul custar a chegar
O que será de mim Senhor ?
Espera o dia ao preço do nada
Espera o cântico ao preço de uma nota
e o compasso se transporta no tempo.
Fernando Medeiros
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