quarta-feira, 22 de junho de 2016

A Carolina e a felicidade


A Carolina chegou da escola, tirou os sapatos pretos de verniz e correu para o seu quarto. O quarto da Carolina é o seu lugar favorito: é branco como as montanhas no inverno, tem uma cama de dossel cor-de-rosa e estantes de livros e brinquedos sem fim. Naquele dia, a Carolina não se sentia com vontade de brincar com o seu cavalinho de balanço rosa de veludo. Também não queria brincar com o Professor Sabe-Tudo, uma coruja que os pais lhe tinham oferecido e que era o seu brinquedo favorito. A Carolina estava pensativa e inquieta. A professora tinha pedido a todos os meninos que procurassem a Felicidade, mas a Carolina estava aflita porque não sabia onde nem como procurá-la. Ela nem sabia muito bem o que era isso da Felicidade…
Então, sentou-se na sua cama  e começou a pensar se conhecia alguém que se chamasse Felicidade. Lá na escola, só tinha uma professora, mas chamava-se Lúcia.
– Na escola, também há a Dona Lurdes e a Dona Ana, mas Dona Felicidade não conheço…e nenhum dos meus amigos se chama assim! – disse a Carolina, preocupada por não estar a conseguir cumprir o pedido da professora Lúcia.
O Professor Sabe-Tudo, que é um grande sabichão, voou até ao colo da Carolina:
– O que se passa, Carolina? Não quer brincar? Tenho tanto para te ensinar…a brincar também se aprende, sabia?
– Tenho um problema, Professor Sabe-Tudo. Eu não sei como procurar a Felicidade. Você, que sabe tudo, não pode dizer-me onde ela está? Ah…já sei! Se calhar, tenho que ir procurar no jardim, ao pé das rosas lindas da minha mãe! – encheu-se a Carolina de esperança.
– Minha querida Carolina, a felicidade não é um objeto, nem uma pessoa! E também não se consegue ver. – explicou o Professor Sabe-Tudo.
A Carolina nem queria acreditar. Não podia ser. Será que pela primeira vez o Professor Sabe-Tudo não sabia uma coisa?
– Mas se a felicidade não se vê, como é que posso encontrá-la?! – respondeu-lhe.
Da sala, a Mãe e o Pai da Carolina chamaram-na para ver televisão, e sentou-se, triste e ainda mais confusa. Ia desapontar a Professora Lúcia.
– O que se passa, Carolina? – perguntou o Pai.
– A Professora Lúcia fez um pedido a todos os meninos, mas eu acho que não vou conseguir cumpri-lo.
A Mãe, sempre carinhosa, deu um beijinho nas bochechas rosadas da Carolina e disse que ia fazer o jantar favorito dela, para a animar. O Pai deu-lhe um abraço daqueles muito apertados, mas que não magoam, e disse:
– Você e uma boa menina, princesa Carolina. Amanhã, fala à Professora Lúcia que precisa de ajuda para o trabalho. Ela vai compreender…
A Carolina e os Pais puseram a mesa em conjunto, comeram (e que bom que estava!), riram e divertiram-se muito. Ela ficou muito mais bem-disposta.
Depois de tomar o seu banho e brincar com as bolas de sabão, a Carolina foi para o seu quarto, onde a Mãe e o Pai a esperavam para se despedir.
– Gostamos tanto de voce, Carolina! Boa noite! – disseram, dando-lhe um beijinho.
A Carolina sentiu-se mais calma e agradeceu por ter uns Pais tão bondosos, carinhosos e compreensivos. Teve vontade de pular e de cantar por sentir-se tão amada e apoiada.
E então a Carolina finalmente percebeu que a felicidade não se procura, encontra-se. Encontra-se nas manifestações de carinho, num “gosto tanto de ti”, nos momentos que partilhamos com todos aqueles que são especiais para nós ou quando nos reconhecem valor. A felicidade sente-se.
– A Felicidade está dentro de mim! – a Carolina aconchegou a manta de retalhos da sua cama, viu o Professor Sabe-Tudo piscar-lhe o olho e, por fim, adormeceu.

Autora: Joana Abreu

Psicóloga Clínica

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