quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Entrevista Com a Residente Jéssica

Hoje vamos entrevistar a Residente Jéssica Bussioli, do programa de Saúde do Adulto e Idoso da UNICAMP. Jéssica participou conosco nos encontros do Grupo do Blog do Tear durante o primeiro semestre do ano.

Blog do Tear - Vocês não são concursados? 

Jéssica - Não, os residentes são como "concursados temporários". Passamos por um processo seletivo para ingressar na residência, mas não somos profissionais da Prefeitura. Discutimos com nossos tutores as atividades que iremos participar. O blog era uma das atividades que queríamos conhecer.

Blog do Tear - Jéssica, o que você aprendeu durante esses seis meses de residência? Qual foi a mudança no seu modo de ver e compreender a prática em saúde?

Jéssica - Eu gosto muito da Atenção Básica. Para mim faz mais sentido cuidar da pessoa ao longo da sua vida. Prefiro do que cuidar apenas quando está doente. Eu fiz estágio na Atenção Primária, mas era menos tempo. Em um mês de Residência eu fiz o equivalente a todas as horas de estágio na Atenção Primária, durante a graduação.
O que foi mais interessante, é poder ver "concretamente" tudo o que eu lia nos livros e cartilhas. Por exemplo, a questão do vínculo. Estando lá tanto tempo, começo a perceber o que é vincular-se com os usuários. Por isso era tão importante para mim me despedir de vocês.

Blog do Tear - Você é enfermeira. Lida com as pessoas, com o povo. Qual seu ponto de vista em relação à situação da população atendida pelo Centro de Saúde Vista Alegre, onde você trabalha?

Jéssica -  O serviço de saúde, o Centro de Saúde ou UBS, é "porta aberta". Ou seja, qualquer um pode acessar. Porém, muitas vezes, as pessoas chegam com queixas que vão além do meu saber técnico como enfermeira, por exemplo. Uma pessoa que está sem ter o que comer, ou sem moradia, ultrapassa meu conhecimento técnico como enfermeira. Contudo, são queixas de saúde, demandas que não necessariamente eu poderei resolver. Mas é minha responsabilidade dar encaminhamento a essas queixas. Não é porque não se trata de um curativo ou consulta médica que eu não posso ajudar.
Vejo também que o Centro de Saúde se "protege" de tanta demanda, tornando o acesso um pouco mais burocrático.
Muitas das questões que aparecem, pedem uma escuta e uma conversa. Nem tudo é resolvido com as ações mais "clássicas" em saúde, como o cuidado do corpo, por exemplo, cuidado com a doença, e não com a pessoa.
Por isso eu gosto muito desse espaço do Blog.

Blog do Tear (Oswaldo) - Eu trabalho assim também. Um pensador, com raciocínios. Eu gosto de escrever e pensar sobre as relações humanas. Não podemos ignorar uma ferida, de alguém que se foi, de uma mágoa...Vocês pensam como eu, então? É assim que vocês trabalham?

Jéssica - Sim, Oswaldo. Mas nem todos pensam que nem nós. Fingir que não existe, uma ferida "que a gente não enxerga", como a perda de alguém querido, é tão grave quando fingir que uma ferida na perna não existe.

Blog do Tear (Rivaldo) - A gente sempre fala de coração machucado, mas na verdade é o cérebro né? O coração não é capaz de sentir ou processar emoções. É no cérebro.  Agora, algumas pessoas vem e dizem uma coisa, mas na verdade o problema é outro. 

Jéssica - Sim, isso acontece. Em qualquer relação humana, quando falamos uma coisa, nem sempre a pessoa entende aquilo que quisemos dizer. Tem um monte de fatores envolvidos nisso. A compreensão da pessoa, as palavras que eu usei quando disse minha mensagem.

Blog do Tear - Mas isso se resolve com capacitação dos profissionais, não?

Jéssica - Olha, também. Mas a comunicação sempre está sujeita a "falhas". É uma coisa da própria relação humana, que vai além da relação entre paciente-profissional de saúde. 

Blog do Tear - Os profissionais por vezes são muito despreparados. 

Blog do Tear (Rivaldo) - Sim, mas na realidade cada lugar tem um tempo. A terceirização, a pressão pela produção, pode ocasionar erros. E onde você trabalha, no Centro de Saúde, não tem nada a ver com produção. Isso é na fábrica. 

Jéssica - Eu concordo! Infelizmente, apesar da Prefeitura não ser uma empresa, também tem grandes cobranças de produção (atendimentos, ações de saúde, etc...) Mas falta o recurso e o dimensionamento adequado para dar conta de toda a demanda, da maneira que eu gostaria.

Blog do Tear - Jéssica, você tem tatuagem?

Jéssica - Agora estamos falando de outros assuntos!

Blog do Tear (Nilton) - Tem um projeto de Lei para acabar com a estabilidade dos servidores públicos concursados. Eu sou completamente a favor disso. Porque muita gente que passa em concurso trabalha mal, falta...É complicado. E os bons profissionais sofrem por isso. Tem muito um pensamento de "Eu já garanti o meu, agora que se exploda."

Jéssica - Esse é um tema complicado. E também as pessoas se mobilizam pouco. Muitas pessoas são coniventes com profissionais ruins. É a mesma coisa que a situação política do país. Sabemos de muitas coisas erradas que acontecem, mas nos mobilizamos muito pouco. Precisamos cobrar e estar atentos!

Blog do Tear - As pessoas cuidam mal também dos materiais e dos serviços públicos. A população é um pouco cúmplice disso ai.

Jéssica - É difícil. Nosso senso de coletividade, no Brasil, é complicado. Como vocês disseram, tem essa ideia de "garantir o meu". A noção de público é muito frágil aqui no nosso país.

Blog do Tear - O que também prejudica os serviços é o corporativismo. Ou seja, alguém da equipe faz coisas erradas, e os outros passam a mão na cabeça. Médico que chega atrasado, porque tem atendimento particular. Todos sabem, mas ninguém fala nada.

Jéssica - Sim, e tudo isso esbarra no nosso trabalho. Trabalhar na Atenção Primária é trabalhar com a coletividade, então tudo impacta no nosso dia a dia.

Blog do Tear - Como é trabalhar com essas questões que não são especificamente do núcleo da enfermagem, como a escuta e o acolhimento?

Jéssica - Nós temos algumas formação para compreender e escutar os pacientes. A psicologia tem isso mais direcionado. Mas na realidade todo profissional de saúde tem a obrigação de escutar os pacientes. Não só ouvir, deixar entrar no ouvido. Agora, quando eu percebo que não tenho mais ferramentas suficientes, para algum caso, eu acesso outros profissionais da equipe, como a Equipe de Saúde Mental, para um apoio e avaliação.

Blog do Tear - Você sente alguma dificuldade por ter essa escuta mais humanizada, sendo enfermeira? É muito importante que nós, profissionais, seres humanos, estejam abertos para aprender outras coisas, e trabalhar de um modo que não seja aquele "clássico" dentro das profissões. Como é isso para vocês?

Jéssica - Sim, bastante. A minha profissão abrange vários espaços de cuidado. No Centro de Saúde estamos em todos os lugares (a enfermagem). Para algumas questões tem protocolos bem definidos: como para algumas doenças (tuberculose, sífilis) e algumas condições (como a gestação).

Por vezes somos cobrados para ter uma postura simplesmente técnica. Por exemplo, aplicar uma medicação. Se procuro saber quem é, para que está sendo medicada, conversar com a pessoa, alguns profissionais estranham. Pensam que pode ser perda de tempo. Isso pode ser devido à especialização da saúde, ou seja, cada questão específica é encaminhada para um profissional ou especialidade específica.
Mas esse não é um tempo perdido. Muitas outras coisas podem aparecer se nos disponibilizarmos a escutar e não ouvir. A noção da produtividade é muito forte.

Blog do Tear - E como foi a experiência de estar aqui no Blog Do Tear com a gente?

Jéssica - Eu gostei bastante. Por isso fiz questão de me despedir de vocês oficialmente. O que eu gostei mesmo é que vocês discutem os temas que aparecem, e são temas polêmicos. O que chama minha atenção é que vocês se respeitam muito, apesar das opiniões bastante divergentes. Penso que isso é um espaço que pode criar, como conversávamos antes, esse senso de coletividade que está em falta no nosso país.
Expor as opiniões, escutar a diferença, nos faz aprender, ser mais tolerantes e respeitosos. Acompanhei pouco, mas vocês já estão aqui há muito tempo, e mal posso imaginar o quanto já construíram e cresceram com isso.
Para mim, isso tem tudo a ver com saúde. Uma saúde mais ampla, que produz. Eu gostei muito!

Blog do Tear - Nós também gostamos muito, Jéssica. Desejamos a você sorte no Centro de Saúde. Agradecemos sua presença.

Blog do Tear (Sr. Alcino) - Muito obrigado. Você trabalha perto de casa, quem sabe eu não consigo te encontrar lá no Centro de Saúde!

Blog do Tear (Giovane) - Você continua no Centro de Saúde? Eu vou lá sempre te ver. Se puder, venha nos visitar.

 

                                        (Jéssica, em primeiro plano, com o Grupo do Blog)

 

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Combinados na Convivência Familiar Cotidiana

Hoje o Grupo do Blog do Tear discutiu os combinados e os contratos que organizam nossa convivência em família, no nosso dia a dia.

Dividir as tarefas domésticas, compartilhar os cuidados com a casa e fazer acordos que facilitam a convivência, são arranjos necessários.

Conviver com o outros é sempre delicado, e estipular limites, contratos e acordos são sempre necessários. Alguns usuários dizem que quando estão em crise ou não se sentem bem, fica mais difícil para dar conta das tarefas familiares, domésticas e cotidianas.

Todos os integrantes contaram de seus acordos na família: dividir as louças, levar o lixo para fora, etc... Alguns disseram que recebem outras coisas em troca de compartilhar as tarefas: os mais jovens recebem uma "mesada", outros preferem uma comida de seu gosto, etc...

Um dos integrantes nos conta do esquema de "metas", como algo que organiza o dia a dia. Ou seja, "trocas" e acordos com os integrantes da família.

Compartilhar as tarefas do dia a dia facilitam a convivência com os familiares e também são importantes para estabelecer uma rotina, o que é importante para nos sentirmos melhores, mais produtivos e ter o sentimento de contribuir com nossos familiares.


quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Blog do Tear Entrevista: Psicólogo Bruno

Hoje continuaremos nossa sequência de entrevistas e elegemos um dos nossos membros que recentemente teve uma experiência internacional. O Bruno, psicólogo e residente do programa de residência em saúde mental da UNICAMP, que no mês de agosto fez estágio de 1 mês na Argentina, na cidade de Rosário.

Blog do Tear (BT): Bruno, você esteve na Argentina e queria saber se você foi para um serviço específico ou para a rede de saúde no geral? 

Bruno (B): Fui inicialmente para visitar os serviços da atenção básica de saúde e terminei por visitar muito mais serviços que planejei. Visitei na maior parte serviços de saúde mental, mas também outros serviços da rede saúde de Rosário. Ao todo fui em uns 15 serviços.

BT: Com relação ao transporte você andou muito de carro, de Escort Argentino? Ou usou outro meio de transporte?

B: Diferentemente de Campinas, o transporte público em Rosário funciona muito bem e não é caro. Enquanto pagamos aqui R$ 4,50 lá o ônibus custa 10 pesos (Que vale R$ 2,00). A maioria das pessoas usa ônibus e o transporte é de boa qualidade. Normalmente não é necessário ficar trocando de ônibus para ir de lugar ao outro.

BT: Mas a cidade é pequena lá? 

B: Não é não tem aproximadamente 1 milhão e 500 mil pessoas em Rosário. É a terceira maior cidade da Argentina.

BT: Como você foi até lá?

B: Fui de avião, apesar de querer ir de carro porque a viagem é muito bonita, tive que ir assim porque ia ser muito caro viajar em carro. A distância é mais ou menos 1700 kilometros. O interessante é que apesar da distância parecer longe é quase a mesma distância entre a cidade São Paulo (SP) e Salvador na Bahia.

BT: Como são os serviços públicos lá? Tem Sistema Único de Saúde (SUS)?

B: Lá na Argentina, infelizmente não tem SUS, eles não tem um sistema nacional de saúde. A população argentina vive o que vivíamos no Brasil nos anos 80, por exemplo. Quem tem acesso ao atendimento de saúde gratuito são as pessoas que tem carteira assinada. E, assim, somente aqueles que tem dinheiro para pagar é quem atendimento gratuito garantido pelo estado de forma nacional. Mas, Rosário, é uma exceção a essa regra porque lá há aproximadamente 20 anos devido ao governo da província de Santa Fé (Estado onde fica a cidade de Rosário) que assumiu a responsabilidade de prover atendimento gratuito a população e estrutura um sistema de saúde provincial que funciona para atender a população da região de Santa Fé.

BT: Nossa isso é impensável né?

B: Sim, é triste, mas essa é a realidade deles Rosário é uma exceção o sistema de lá não funciona para todo o país. E acho que a gente tem que ter isso em mente porque vemos hoje as ameaças que o SUS sofre e temos que defendê-lo, pois, se não ficarmos atentos ele pode ser tirado de nós novamente.

BT: E como é o atendimento em saúde mental? Ainda tem hospital psiquiátrico?

B: Olha gente, vi coisas problemáticas lá. Lá ainda existem muitos hospitais psiquiátricos. Visitei 2 hospitais um em Rosário com capacidade para internação de até 70 pessoas e outro na zona rural próxima a cidade de Rosário ainda maior onde haviam 200 pessoas internadas. Foi muito triste ver isso gente, fiquei muito abalado. Já tinha visitado hospitais em São Paulo, quando era estudante de psicologia, mas para mim a experiência que vivi lá foi muito mais chocante. Vi pessoas que estavam internadas há muitos anos e que poderiam estar fazendo seu tratamento em liberdade porque, inclusive, conseguimos fazer isso no Brasil. Vi muitas pessoas nuas perambulando pelo hospital, pessoas nuas amarradas em contenção física e hipermedicadas. O que me impressionou negativamente foi a atitude dos profissionais. A maioria dos profissionais que conheci nos hospitais, defendiam que aqueles usuários internados não teriam condição de fazer tratamento em liberdade e achavam que eles tem que fazer o tratamento internados. E eles estão lá há muitos anos. Ainda tem muito preconceito com o usuário de saúde mental, muita gente lá acham que eles são perigosos e tem que ficar internados.
Os serviços que cuidam de pessoas com uso de Álcool ou Outras Drogas são muito interessantes. Trabalham a partir do paradigma de Redução de Danos e com "Baixo nível de exigência" aos usuários. Ou seja, não se pede muito dos frequentadores. Articulam rede, oferecem aulas e oficinas, bolsas de ofício, dentre outros.


BT: Mas o tratamento em Saúde Mental por lá é só baseado em Manicômios?

B: Não, não só. Eles também tem serviços comunitários como Centros de Saúde, que lá são bem estruturados e outros Serviços de Saúde Mental. Visitei um Centro Cultural (Centro de Convivência) que tinha atividades artísticas e culturais. Era bem interessante. O que me espantou foi a falta de trabalhos mais efetivos na comunidade. A maior parte dos atendimentos é ambulatorial, de consultório e há poucas ações como as de saúde da família e psicossociais como as que temos aqui no Brasil, a partir dos nossos Centros de Saúde e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

BT: E sobre Rosário e a Argentina o que você diz?

B: Você sabe que essa fama de que os Argentinos é um povo metido não é verdade. O que os próprios Argentinos dizem é que há uma diferença entre os Portenhos (População de Buenos Aires, a capital) e o restante do país. Em Rosário eles, inclusive, acham que os portenhos são "metidos". O que eu percebi em Rosário é que lá eles são muito solícitos, educados e atenciosos. Nos trataram muito bem e gostavam muito do Brasil, muitas pessoas que moram lá já visitaram o Brasil. A cidade é muito bonita, com construções históricas preservadas e cuidadas. Também achei muito interessante o fato que eles por lá em muitos lugares param o expediente produtivo entre 12h às 16h todo o dia. E lá o que vemos muito são as pessoas nos parques e praças nesses momentos desfrutando a vida. Isso foi muito importante porque me fez refletir sobre o estilo de vida que temos aqui onde quase nunca paramos para aproveitar mais a vida e o trabalho nos ocupa muito tempo. Outra questão que me chamou a atenção foi o fato deles serem muito politizados. Eles diferentemente da maioria dos brasileiros entendem que somos todos parte da América Latina e temos muitos aspectos culturais semelhantes. Eles vivem conflitos parecidos com o Brasil e alternam entre governos de esquerda e direita. Governos que investem mais nas políticas sociais que atendem a população e suas necessidades e outros governos que, como o atual Governo da Argentina, do Macri, e do Brasil, do Temer, que estão mais voltados para interesses particulares e para atender interesses da elite dominante, das empresas ou do mercado capitalista.







quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Postagem da Paz

Diante de toda violência e desordem do Dia a Dia, mostramos como pessoas podem resolver suas diferenças com bom humor.

Aos amigos Oswaldo e Rivaldo.



Entrevista com a Psicóloga Nayara Portilho

Hoje estamos recebendo a visita da psicóloga Nayara. Vamos aproveitar o espaço do Blog para entrevistá-la. Ressaltamos que a visita seja bem-vinda.


Nayara, o que você faz em São Paulo?

Eu faço uma Pós-Graduação, chamada Residência Multiprofissional. A minha é na Área de Saúde Coletiva e Atenção Primária. Nosso foco principal é trabalhar em Centro de Saúde, e também conhecer e aprender como se faz a Gestão dos serviços de saúde no nosso Estado. Tem muitas profissões: psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, médicos e dentistas. 


- Você já conhecia Campinas, Nayara?

Não, é a primeira vez que venho aqui.

Você já trabalha com pessoas, atendendo e etc?

Sim, trabalho. Em São Paulo, Capital, trabalho em uma UBS (Unidade Básica de Saúde), que em Campinas vocês chamam Centro de Saúde.

Nesses atendimentos e no seu trabalho, qual o maior problema que você percebe que a população enfrenta hoje em dia?

Temos discutido muito as relações humanas. Os problemas e as coisas boas da vida, as dificuldades, etc...

Relações humanas é amplo. Gostaríamos que você pudesse especificar.

 Trabalho em um bairro, Jardim Boa Vista, que é bastante vulnerável. Percebo muitos homens que chegam desempregados, isso causa muito sofrimento e preocupação. As famílias ficam ainda mais vulneráveis.
A questão da violência, também é muito presente. Assaltos, violência pelo tráfico, etc...

(Nilton) - Acho que o desemprego causa muitos problemas. A pessoa desempregada sofre muito, sem poder ajudar sua família, e isso causa também mais problemas e violência. 

Sim, isso é algo que podemos perceber.

O que vocês fazem para amenizar essa situação? Como vocês assistem essa população?

O modelo que trabalhamos é a Estratégia Saúde da Família. Fazemos visitas, conhecendo o contexto familiar, situacional, do território, etc... Trabalhamos também próximo à Assistência Social (CRAS E CREAS). Também oferecemos espaços de escuta, articulando estratégias de cuidado e assistência

(Rivaldo) A questão do desemprego não vai ser resolvida por psicólogos ou pela saúde, totalmente. As circunstâncias são diferentes, a depender das pessoas. Porque ou como um psicólogo pode ajudar nisso?

Compreendemos que as situações de vida, influem na saúde das pessoas. Ou seja, uma situação de vida pode acarretar em sofrimento psíquico, e com isso podemos trabalhar. Tentamos fazer um trabalho que não separe o sofrimento psíquico de todo o resto da vida de uma pessoa. A Assistência Social cuida das questões mais concretas e pragmáticas. E nós, psicólogos, oferecemos momentos de escuta, articulamos com outros profissionais, etc...

(Oswaldo) Como está a questão da saúde, emprego, etc?

A situação está difícil. Nosso prefeito, é o Doria. Vocês conhecem??

Conhecemos o João Doriana, ou o Prefake!

Hahahaha, é isso. O prefeito está cortando muitos serviços que o Estado deveria oferecer. A Cidade de São Paulo, na saúde, foi divida entre diversas OS's (Organizações Sociais), a depender da zona da cidade. Constatamos falta de insumos e materiais para trabalho, medicações, etc...
Sem dúvidas é um momento difícil, como está em Campinas, e também no cenário nacional.

São Paulo é uma cidade muita rica, o Estado também. A questão de São Paulo é política. Não é de crise financeira. Constatamos os desvios Estaduais, corrupção em nível Estadual, e o Tribunal de São Paulo parece muito conivente com os governantes. Não são investigados a fundo. E apesar disso, o governo vem cortando todos os projetos que beneficiam a população mais vulnerável.

Concordo. São Paulo poderia ter outra condição. A Justiça não parece tão imparcial, por vezes até seletiva.

(Nilton) Pois é, ontem quando tornaram públicas as denúncias contra Lula e Dilma, nem citavam as denúncias aos outros partidos.


(Giovanni) Há quanto tempo você está aqui?

Cheguei há dois dias, ainda estou entendendo como funciona Campinas.

Então tem 3 dias que você chegou em Campinas. Muita gente vem de São Paulo para cá.

Sim, nós ouvimos muito sobre a rede de Saúde de Campinas. E por isso temos muita vontade de conhecer.

Nayara, antes de encerrar, gostaríamos de saber suas impressões sobre Campinas e sobre o que você conheceu aqui.

Olha, começando pelo transporte público. É muito caro e muito ruim, principalmente se comparado com o preço.
A cidade eu gostei. Ela é grande, mas com uma cara de interior, muito acolhedora. Fui muito bem acolhida pelas pessoas, me senti muito feliz por isso. Pessoas muito afetuosas. Me fez lembrar da minha cidade natal, Uberlândia, Minas Gerais.

A rede de saúde me impressionou também. Vocês fazem ações de saúde muito interessantes, que em São Paulo ainda não tive a possibilidade de conhecer.

Estou muito agradecida pela oportunidade, e isso será muito importante para minha formação.
                                                         (Equipe Blog do Tear e Nayara)