quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Diógenes de Sínope (413 - 323 a.C.)


Diógenes foi aluno de Antístenes, fundador da escola cínica. Em sua época Diógenes foi destaque e símbolo do cinismo pois tornou sua filosofia uma forma de viver radical. Diógenes expressava seu pensamento através da frase "procuro um homem". Conforme relatos históricos ele andava durante o dia em meio às pessoas com uma lanterna acessa pronunciando ironicamente a frase. Buscava um homem que vivesse segundo a sua essência. Procurava um homem que vivesse sua vida superando as exterioridades exigidas pelas convenções sociais como comportamento, dinheiro, luxo ou conforto. Ele buscava um homem que tivesse encontrado a sua verdadeira natureza, que vivesse conforme ela e que fosse feliz.
Para ele os deuses deram aos homens formas para viverem de modo fácil e feliz, mas esses mesmos deuses esconderam essas formas dos homens. Diógenes buscava descobrir esses modos de viver tentando demonstrar que as pessoas tem a seu dispor tudo aquilo que realmente precisam para ser feliz. Mas para isso as pessoas tem que conhecer a sua natureza e as verdadeiras exigências que essa lhe faz. Pensando nisso ele afirma que a música, a física, a matemática, a astronomia e a metafísica são inúteis pois são formuladoras de conceitos, muito além dos conceitos o que importa é a ação, o comportamento e o exemplo. Nossas reais necessidades são para ele aquelas que nos impõe a nossa condição animal, como nos alimentar por exemplo. O animal também não tem objetivos para viver, ele não tem que responder pelos seus atos para a sociedade, ele não precisa de casa ou conforto. É nas necessidades básicas dos animais que o homem deve se espelhar para conduzir sua vida.
Diógenes pôs em pratica seus pensamentos e passou a viver perambulando pelas ruas na mais completa miséria tomando por moradia um barril o que se tornou um ícone do quão pouco os homens precisam para viver. Alimentava-se do que conseguia recolher em sua cuia. Tinha por proteção um manto que usava para dormir e usava os espaços públicos para fazer tudo mais que precisava. Segundo ele esse modo de viver o deixava livre para ser ele mesmo pois eliminava a necessidade de coisas supérfluas. Ele acreditava atingir essa liberdade cansando o corpo para se habituar a dominar os prazeres até desprezá-los por completo pois para os cínicos os prazeres enfraquecem o corpo e a alma, pondo em perigo a liberdade do homem pois o torna escravo dos mesmos.
Os cínicos contestavam ainda o matrimônio e a convivência em sociedade. Eles se declaravam cidadãos do mundo. Acreditavam que o homem deve ser autônomo e autossuficiente tratando o mundo com indiferença pois a felicidade deve vir de dentro do homem e não do seu exterior.
Outro fato conhecido de Diógenes é seu encontro com Alexandre, então o homem mais poderoso conhecido. Alexandre solicitou que Diógenes pedisse o que quisesse e este pediu que Alexandre saísse de sua frente pois estava tapando o sol. Diógenes estava com esse ato demonstrando o quão pouco ele necessitava para viver bem conforme sua natureza.

   Sentenças:

- Busco um homem honesto.
 

- Elogiar a si mesmo desagrada a todos.

- O amor é uma ocupação de quem não tem o que fazer.

- O insulto ofende a quem o faz e não a quem o recebe.

- A sabedoria serve para reprimir os jovens, para consolar os velhos, para enriquecer os pobres e para enfeitar os ricos.

- A liberdade para falar é a coisa mais bela para um homem.

- Um filósofo só serve para machucar os sentimentos de alguém.

- O tempo é o espelho da eternidade.

- Sou uma criatura do mundo.

  Equipe de escrita do Tear das Artes

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Livro traz testemunhos de genocídio no maior hospício do Brasil

Não, esta não é a foto de um campo de concentração nazista – mas chega perto. É um hospício em Barbacena, Minas Gerais, onde morreram mais de 60 mil pessoas. (Foto: Luiz Alfredo/O Cruzeiro)
O conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”, um dos mais tristes e bonitos do livro “Primeiras Estórias” (1962), de Guimarães Rosa, fala de um trem com grades na janela que “ia servir para levar duas mulheres, para longe, para sempre”: a mãe e a filha, ambas com problemas mentais, de um homem viúvo chamado Sorôco.
 “A hora era de muito sol – o povo caçava jeito de ficarem debaixo da sombra das árvores de cedro. O carro lembrava um canoão no seco, navio. A gente olhava: nas reluzências do ar, parecia que ele estava torto, que nas pontas se empinava. O borco bojudo do telhadilho dele alumiava em preto. Parecia coisa de invento de muita distância, sem piedade nenhuma, e que a gente não pudesse imaginar direito nem se acostumar de ver, e não sendo de ninguém. Para onde ia, no levar as mulheres, era para um lugar chamado Barbacena, longe. Para o pobre, os lugares são mais longe.”(“Sorôco, sua mãe, sua filha”, do livro “Primeiras Estórias”de Guimarães Rosa)
A despedida entre o homem e as duas únicas pessoas que ele tinha na vida, e que nunca mais veria novamente, comove a todos os que estavam acompanhando a cena. Aquele “trem de doido” existia de verdade: ele cruzava o interior do país levando pessoas consideradas doentes mentais para um hospício conhecido como Colônia, em Barbacena (Minas Gerais), o maior do Brasil – e o cenário de um terrível genocídio que durou décadas. Mais de 60 mil pessoas morreram ali.
A jornalista Daniela Arbex resgatou a história para o jornal “Tribuna de Minas” em 2011 e, pouco depois, foi mais fundo e escreveu o livro “Holocausto Brasileiro” (Geração Editorial), que traz o testemunho de ex-funcionários do Colônia e de pessoas que passaram décadas internadas ali e hoje vivem em residências terapêuticas na região.
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Fotos:  Luiz Alfredo/O Cruzeiro

A instituição foi criada pelo governo estadual em 1903 e começou a ficar superlotada a partir de 1930. Em 1960, havia 5 mil pessoas vivendo onde cabiam 200. Chegando lá, elas eram forçadas não só a abrir mão de sua identidade, mas também de sua condição humana. Recebiam outro nome, eram obrigadas a se vestir com trapos (e muitas vezes tinham de andar nuas mesmo durante os invernos frios da região), dormiam em camas de capim em meio à completa imundície, bebiam água do esgoto, passavam fome (e, quando comiam, eram refeições que talvez nem animais encarassem), apanhavam, levavam choques elétricos sem qualquer prescrição médica (e sem qualquer cuidado no procedimento, o que provocou a morte de muita gente) e alguns sofriam lobotomia, para ficar numa descrição sucinta.
Daquelas pessoas, 70% não tinham nenhuma doença mental – na verdade, até o fim dos anos 50, nem médico havia naquele hospício. Muitos foram parar ali simplesmente por terem sido pegos sem documento, ou por serem alcoólatras, pobres, homossexuais ou militantes políticos. Havia também adolescentes que tinham engravidado e foram rejeitadas pela família. Uma mulher passou décadas internada porque andava “muito triste”. Basicamente, era um lugar para “livrar” a sociedade de quem quer que fosse indesejado.
hospicio
Foto:  Luiz Alfredo/O Cruzeiro
E quem entrava não saía mais. Com as péssimas condições do lugar, houve uma época em que pelo menos 16 pessoas morriam diariamente ali. Os corpos eram vendidos ilegalmente para universidades: mais de 1850 foram vendidos para 17 faculdades de medicina do país entre 1969 e 1980. Só a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) comprou 543. Quando não havia comprador, os corpos eram decompostos em ácido no pátio do hospício, diante dos outros internos.
Algumas pessoas tentaram denunciar o que estava acontecendo ali, mas sem sucesso. As autoridades eram omissas e a comunidade médica reprimia os profissionais que tentavam fazer alguma coisa. Nos anos 60, a revista “O Cruzeiro” fez uma matéria com fotos (tiradas pelo fotógrafo Luiz Alfredo – algumas das quais estão reproduzidas aqui) denunciando as condições do lugar e chocou o país – mas o tema logo caiu no esquecimento. Só quase 20 anos depois é que outros veículos passaram a se manifestar novamente, atraindo a atenção de nomes importantes da psiquiatria e dando força à reforma psiquiátrica no país, que visava acabar com a lógica das internações de longa permanência. A ideia era dar um tratamento mais digno aos pacientes com transtornos mentais, garantindo cuidados que permitissem a eles se integrar à sociedade em vez de promover o isolamento em hospitais psiquiátricos. Graças a essa reforma, o Colônia mudou e está para ser desativado, bem como outros manicômios. O livro de Daniela Arbex também fala sobre essa luta.
Equipe Blog do Tear

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Quem Morre?

Morre lentamente
Quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem não encontra graça em si mesmo

Morre lentamente
Quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente
Quem se transforma em escravo do hábito
Repetindo todos os dias os mesmos trajeto,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou
Não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente
Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções, Justamente as que resgatam o brilho dos
Olhos e os corações aos tropeços.

Morre lentamente
Quem não vira a mesa quando está infeliz
Com o seu trabalho, ou amor,
Quem não arrisca o certo pelo incerto
Para ir atrás de um sonho,
Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, Fugir dos conselhos sensatos...

Viva hoje !
Arrisque hoje !
Faça hoje !
Não se deixe morrer lentamente !

Não Se Esqueça De Ser Feliz

 Martha Medeiros