quarta-feira, 17 de maio de 2023

18 de maio - O Dia da Luta Antimanicomial no Brasil

Dia 18 de maio é o dia conhecido em todo o Brasil por ser o dia da Luta Antimanicomial. Este dia marca a luta da sociedade brasileira pela transformação do modelo de cuidado em saúde mental.

Hoje em dia muita coisa mudou e o movimento social da Luta Antimanicomial, um dos responsáveis diretos pela mudança do tratamento em saúde mental no Brasil, existe até hoje. 

Abaixo publicamos na Integra a Carta Aberta do Movimento da Luta Antimanicomial de Campinas (MLAC) e a programação do Mês da Luta Antimanicomial para te ajudar a comprender melhor.

Você conhece o Movimento da Luta Antimanicomial?


Nós começamos nossa luta nos anos 80 para transformar a forma como as pessoas com transtornos mentais eram tratadas. Naquela época, as pessoas eram internadas porque ficavam deprimidas, por perder o trabalho ou por perder alguém que amavam, por se relacionarem com pessoas do mesmo gênero, por problemas devido ao uso de álcool e outras drogas, por crises de ansiedade, pânico ou vontade de morrer por causa dos problemas da vida. Muitas pessoas foram internadas somente por serem pobres, pretas e viverem em situação de rua. Infelizmente essas internações não serviam para melhorar a saúde das pessoas, e pelo contrário, a grande maioria das pessoas adoeciam ainda mais devido ao isolamento social e violências sofridas.

No Brasil, mais de 50 mil pessoas internadas nunca mais voltaram a viver em liberdade e morreram trancafiadas, algumas foram internadas ainda na adolescência. As internações se davam com camisa de força, com “tratamento” de eletrochoque e viviam dopadas de remédio sem condições de conversar com outras pessoas ou de viverem dignamente. Por muitos anos toda sociedade desconhecia o que acontecia dentro dos muros dos manicômios e para isso o Movimento da Luta Antimanicomial surgiu: formado por usuários, familiares e trabalhadores dos serviços de Saúde Mental, denunciamos há 30 anos as violências cometidas contra pessoas que deveriam estar em tratamento, recebendo cuidado e não maus-tratos.

Desde o começo dos anos 90 os manicômios vêm sendo substituídos por serviços de saúde mental que funcionam dentro das cidades, nos bairros, através de um cuidado inserido na comunidade e em liberdade. Porém, atualmente as Comunidades Terapêuticas e Clínicas Psiquiátricas, financiadas com dinheiro público e por entidades religiosas, continuam internando pessoas à força em locais onde diversas violências são cometidas, assim como nos manicômios.

Em Campinas, o MLAC (Movimento da Luta Antimanicomial de Campinas) sempre combateu este tipo de política porque Trancar não é Tratar e direitos e bem-estar social não se conquistam impedindo as pessoas de circular pelas cidades em que vivem. Só existe sociedade democrática com cuidado em liberdade.

Precisamos de mais investimentos nos serviços públicos de Saúde Mental do SUS para pessoas com transtorno mental e uso problemático de álcool e outras drogas. Precisamos de oportunidades de trabalho, de moradia, de lazer, cultura e esporte. Retirar as pessoas de circulação não resolve as imensas desigualdades sociais, que são parte fundamental do adoecimento das pessoas, inclusive de crianças e adolescentes. 


Quer saber mais? Venha participar das reuniões do Movimento da Luta Antimanicomial de Campinas!


Próxima Reunião: 03/06/2023 das 9 as 11 hs, Local: CEI - Rua Dr Quirino 1856 (Próximo ao SENAC)

 

 

Segue abaixo a programação do Mês da Luta Antimanicomial organizada pelo MLAC em Campinas caso você queira participar:

 

 


 

 


quarta-feira, 3 de maio de 2023

O Grupo de Ouvidores de Vozes no Blog do Tear

 
Você tem experiência de ouvir vozes que só você ouve? 
Essa experiência é vivida por muitas pessoas ao redor do mundo. A forma como essa experiência é compreendida depende muito do contexto em que a pessoa está inserida. Muitos povos indígenas consideram que pessoas que tem este tipo de experiência são pessoas escolhidas e devem ser respeitadas, pois, tem um tipo de conhecimento que será muito importante para toda a comunidade em que vivem. Dentro da compreensão da medicina, na psiquiatria, durante muitos anos o fato de pessoas ouvirem vozes que ninguém ouve foi interpretado como fato indesejado e por muito tempo foi compreendido como doença e deveria ser combatido, deveria desaparecer da vida das pessoas. Os remédios seriam a forma de curar as vozes. Acontece que para muitas pessoas a medicação não funciona e as pessoas continuam a ter que lidar com as vozes. Há vozes de todos os tipos: masculinas, femininas, da consciência e vozes de comando (vozes que mandam fazer coisas). 

No mundo uma das alternativas que surgiu para colaborar com as pessoas para lidar com a experiência de ouvir vozes foram os grupos criados pelas próprias pessoas ouvidoras de vozes. A partir dessa iniciativa foram criados os Grupo de Ouvidores de Vozes. Em todo o mundo há grupos que foram constituídos com o objetivo de servir de espaço de reunião, troca de experiências e acolhimento para ouvidores de vozes independente de sua classe social, gênero, raça e profissão. 

Hoje temos o privilégio de receber 2 dos membros do Grupo de Ouvidores de Vozes Intervoice de Campinas (SP). Eles encontram-se a cada quize dias em grupos presenciais com diversas pessoas com o objetivo principal de falar sobre a experiência de ouvir vozes e compartilhar estratégias comuns para a conviver com as vozes e enfrentar o sofrimento gerado pelo preconceito e discriminação que sofrem na sociedade.

Luciano Lira e Fernando Medeiros compartilharam conosco como foi  o surgimento deste que foi o primeiro grupo do Brasil, iniciado em Campinas em 2014. Em nosso encontro eles compartilharam as histórias de vidas deles, a importância do grupo em suas vidas e como ele funciona. Ambos já viajaram para várias partes do Brasil para participar de atividades do Grupo. No grupo participam pessoas de diferentes origens, raça e classe social, pois, ouvir vozes pode acontecer na vida de qualquer pessoa.

  

Muitos dos nossos participantes e membros do Blog tem a experiência de ouvir vozes. Há experiências boas e ruins, pois, as vozes são como as pessoas, podem dizer coisas boas e ruins. Todos concordam que é importante ter estratégias para lidar com elas. Tem momentos que é preciso de apoio profissional em saúde mental para lidar, mas noutros momentos a experiência é o que conta para saber como administrar as vozes. 

Ficou interessada (o)? 

O próximo encontro do Grupo Ouvidores será dia 13/05/23 às 11h no CEI, o Centro Educacional Santi Capriotti que fica na Rua Doutor Quirino 1856 - Centro - Campinas (SP). 

A participação é aberta à todas as pessoas que desejam participar. 


Luciano e Fernando (nossos convidados)