sexta-feira, 22 de julho de 2011



Ao Tear...

            Através dos séculos a Psiquiatria foi reformulando e reconstruindo sua forma de tratar o paciente com transtorno psiquiátrico. Assim como as palavras utilizadas foram se reciclando, o olhar para estas pessoas foi ampliado, respeitando cada vez mais a individualidade, e não somente o “enquadramento” segundo as regras morais, mas uma preocupação com a qualidade de vida, nos âmbitos da saúde, do convívio social e do trabalho, de forma a atrelar a vida em sociedade com a subjetividade deste sujeito.
            Junto nesta reconstrução está a Arte, a cultura, o lazer, que se constituiu como forma de tratamento, alcançando muitas vezes os resultados esperados ao se tratar da vida destas pessoas usuárias do Serviço de Saúde Mental. As Oficinas Terapêuticas se instalam dentro dos CAPS e Centros de Convivência com este papel, de ligação destas pessoas com a sociedade, com compromissos e responsabilidades para com o grupo, ou consigo mesmo, dando possibilidades de ação, de vivência, de significado para a vida além da “doença” e do estado de “paciente” psiquiátrico.
   A Arte no processo terapêutico facilita a expressão, a colocação de conteúdos internos para o mundo exterior, a tomada de consciência, assim como o auto-conhecimento, reflexão sobre si mesmo, liberação de conflitos, sentimentos reprimidos, sensações internalizadas no inconsciente que tinham dificuldades de vir à tona.
            A Oficina Terapêutica em seus diferentes objetivos: manifestação artística, aprendizado, geração de renda, busca através de encontros com temas específicos abordados em grupos da comunidade e profissionais de saúde, criar este espaço de vivência com foco terapêutico, isto é, com um cuidado e um olhar para as limitações e realizações deste sujeito, valorizando muito mais do que seus produtos confeccionados nas oficinas, o seu “estar no mundo”.


Foi trabalhado...
            O Potencial Positivo existente em cada Ser Humano, valorizando suas qualidades e as habilidades. A auto-estima, os valores consigo mesmo; O vínculo, o comprometimento com o outro, as amizades;


A Oficina...
            Foram vinte encontros semanais no Centro de Convivência Tear das Artes, entre Fevereiro e Junho de 2011, com duas horas de duração cada, com um grupo que variava entre sete e quinze participantes entre homens, mulheres, jovens da Comunidade e dos CAPS David e Novo Tempo.

    

           As Técnicas...

1.      Sal grosso e ajinomoto no prato.

Material: prato de isopor, sal grosso, ajinomoto, tecido, tinta para tecido, pincel pequeno, balde, água, amaciante, varal, prendedores.
Procedimento: colocar o tecido no balde com água e depois enxaguar. No prato de isopor, colocar o tecido úmido (amassadinho). Com o pincel, pingar tintas coloridas sobre o tecido,depois de pingar todas as cores, jogar sal grosso e depois ajinomoto virá-lo e repetir o processo do outro lado. Deixar secar no prato, depois, colocar no balde com água e amaciante e enxaguar. Pendurar no varal.

2.      Açúcar no plástico.

Material: plástico grande, açúcar, tecido, tinta para tecido, pincel pequeno e médio, balde, água, amaciante, varal, prendedores.
Procedimento: Colocar o tecido úmido sobre o plástico (fazendo dobras). Com o pincel, pingar tintas coloridas sobre o tecido ou pintar linhas sobre as dobras, colocar o açúcar por cima, virá-lo e repetir o processo do outro lado. Deixar secar no prato, depois, colocar no balde com água e amaciante e enxaguar. Pendurar no varal.

3.      Barbante no varal.

Material: plástico grande, tecido, tinta para tecido, pincel pequeno e médio, balde, água, amaciante, varal, prendedores e barbante.
Procedimento: Amarrar o tecido úmido com o barbante (duas ou três amarras dividindo o tecido em partes). Dar pinceladas no tecido amarrado com cores variadas em cada parte; deixar no varal para secar e depois desamarrar

4.      Rolinho de Pintar no bastidor.

Material: plástico grande, tecido, tinta para tecido, rolinho, balde, água, amaciante, varal, prendedores, bastidor e tachinhas.
Procedimento: prender o tecido úmido no bastidor com as tachinhas. Fazer “faixas” coloridas com o rolinho.

5.      Tinta relevo no bastidor.

Material: bastidor, tachinhas, tecido, tinta para tecido, tinta relevo, pincel pequeno, balde, água, amaciante, varal, prendedores, bastidor e tachinhas.
Procedimento: prender o tecido úmido no bastidor com as tachinhas. Fazer desenhos com a tinta relevo (fechando-os) pintar com a tinta de tecido dentro de cada desenho.


6.      Técnica misturada (tinta relevo e rolinho).

Material: bastidor, tachinhas, tecido, tinta relevo, rolinho, tinta para tecido,  balde, água, amaciante, varal, prendedores.
Procedimento: prender o tecido úmido no bastidor com as tachinhas, fazer faixas coloridas de tinta para tecido com o rolinho, esperar secar. Por cima, fazer desenhos com tinta relevo coloridas.


Em fim...

                        Entre as técnicas de pintura em tecido ensinadas e aprendidas como base de nossos encontros, pudemos nos envolver e aprender muito mais do que as belas cores e estampas que se formaram, pois nos foi dado a oportunidade do convívio, conviver com as semelhanças, com as diferenças, de idade, gênero, cultura, modo de ser e viver. Assim como a oportunidade de aprender a ouvir, a compartilhar, a demonstrar nosso afeto neste espaço que é o Centro de Convivência.



Ligia Moraes
Julho de 2011


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